sexta-feira, 8 de abril de 2011

Homem-bailarina


Em outubro de 2010 eu fui a uma feira internacional de arte e vi um homem usando um vestido de bailarina. No começo, eu achei que era uma mulher com cara de homem. Depois, eu vi bem o rosto dele e confirmei: era um homem. Ele ficava andando pelo evento, olhando as coisas normalmente, como se não estivesse usando aquela roupa esquisita. O mais estranho é que ninguém ficava olhando para ele.
As pessoas aqui em Toronto respeitam o modo de ser de cada um. Mas isso só entre adultos, porque entre as crianças é diferente. Por exemplo, hoje eu e a minha amiga Sonora (que se pronuncia Snora) estávamos brincando de cavalinho: uma amarrava um cachecol bem longo na cintura da outra, a que estava amarrada era como um cavalinho e corria pelo pátio da escola. É muito legal ser cavalinho porque você corre bastante e tem que pular obstáculos. Todas os alunos no pátio nos olhavam como se fossemos malucas. Mas a minha amiga não se importa com isso. O homem-bailarina é um pouco parecido com a Sonora, os dois não se importam com o que os outros pensam.
Eu vi o homem-bailarina em outro evento de arte este ano. Dessa vez ele estava usando uma saia de bailarina de outra cor, mas se comportava do mesmo jeito. Depois de uma conversa, eu e minha mãe deduzimos que o hobby dele é ir para todos os eventos de arte vestido com saias de bailarinas, só como uma brincadeira. Eu nunca vi uma coisa tão bizarra! Nunca vou esquecer. Isso sim, eu digo que, em termos de esquisitice, fica empatado com o Sem calças no metrô.
Eu espero que o homem-bailarina tenha um carro para voltar dos eventos para casa.

5 comentários:

  1. Oi, Sophia.
    Cada coisa que a gente vê nesse mundo!
    Mas sou dessas velhas que se diverte com tudo que mexe com a gente sem ferir, machucar ou ofender. Acho divertido não só o homem-bailarina e os sem-calça no metrô, como também a percepção de que os outros fingem não ver. Como vc observou no seu recreio, brincando de cavalinho com a sua amiga, crianças reagem com mais espontaneidade às atitudes que consideram excêntricas (e os momentaneamente excêntricos, de preferência, seguem se divertindo, seja como for). De modo que não vejo por que adultos também não poderiam olhar os outros e rir, e quem sabe comentar: "Ih, cara, com esse frio todo e vc sem calças?"
    Mas eu nunca andaria sem calças no metrô, nem no calorão do Rio de Janeiro.
    Bjinhos,
    Ione

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  2. OI Sosso! Essa foi boa, né? Não me lembro de ter visto gente de bailarina, tampouco sem calças por aí. Mas quero mesmo que vc nos conte sobre esses eventos de arte - o que vc achou deles? Bjs em contagem regressiva para a volta de vcs 3, Bel

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  3. Oi, So. Essa tua postagem dos sem calças no metrô e do ensaiado nas exposições de arte me remete para manifestações artísticas de amadores; verdadeiros e singelos amadores da arte. E o fato de os adultos simularem não lhes afetar a bizarrice alheia, está muito parecido com aquela fábula da roupa nova do rei. Só que ao invés de os súditos se portarem como puxa-sacos do rei, os atuais puxam o saco do "politicamente correto": não seriam ambas conveniente hipocrisia?

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  4. Oi vovô!
    Obrigado por escrever. Eu estava com saudade.
    Talvez o homem-bailarina seja uma manifestação artística, mas o "sem calças no metrô" não é.
    O "sem calças no metrô" é um evento criado por jovens só para descontrair.
    Vovô, estou curiosa para entender o teu ponto de vista: por que você acha o homem-bailarina amador?
    Adorei a comparação com a "roupa nova do rei". Sobre a tua pergunta, não posso responder porque eu não entendi direito o que você falou sobre hipocrisia. Foi muito complexo para mim. Você pode perguntar de uma forma mais simples?
    Beijinhos e abraços,
    Sosso

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  5. Oi, Sophia!

    Eu ia achar divertido encontrar esse bailarino nas exposições, e fico pensando também no porquê de ele fazer sempre isso.

    Aqui em Curitiba há algumas pessoas parecidas com isso, mas o mais famoso é o Oil Man, que é um cara que anda de sunga e com uma bicicleta ao lado pela Rua XV (a rua mais importante daqui). Ele anda assim em TODOS os dias do ano, mesmo quando faz bastante frio. Também não sei porque ele faz isso, há muitas lendas, e ele já foi até no Jô Soares para falar – mas continuei sem entender os motivos dele. Talvez seja só ficar famoso... mas eu espero que não.

    Você poderia nos contar mais sobre essas exposições também!

    Beijos!

    Ane

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