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Entrada da Ilha Escola |
Hoje não aconteceu nada de muito especial. Em dias assim, vou aproveitar para contar coisas interessantes que aconteceram aqui antes de eu começar este blog. Começarei pelo passeio que fiz à "Ilha Escola", em janeiro deste ano. Foi realmente uma imersão no Canadá. Fiquei quatro dias longe dos meus pais e de qualquer outra pessoa que não fosse daqui.
Eu era um corvo!
O primeiro dia começou com uma irritante viagem de ônibus até o porto, onde pegamos um barco para uma pequena ilha do Lago Ontário. Assim que chegamos à Ilha Escola, fomos divididos em grupos chamados: libélulas, ursos, raposas, aranhas e corvos. Eu era um corvo, mas queria ser uma libélula. Tinha uma sala comunal, dividida em partes para fazer reuniões de equipe - o meu adorava se reunir para brincar de adivinha o nome do filme. Em cada canto, tinha a imagem dos animais para identificar um grupo. Durante o tempo que fiquei na ilha, notei que cada grupo fazia uma atividade diferente de cada vez.
Depois que já sabíamos de que grupo éramos, fomos conhecer o dormitório feminino. O quarto era enorme, assim como a minha cama. Era muito grande! Assim que você entrava, via vários beliches e armários com gavetas, prateleiras e cabides, além de tapetes para colocar nossos chinelos. Os colchões eram forrados com capas plásticas (que estranho!), mas todas nós trouxemos saco de dormir, travesseiro e cobertor. Quando você entrava no quarto, também via duas portas. A primeira dava para o dormitório das professoras (que era um pouco mais chique que o nosso) e a segunda para o banheiro. No banheiro tinha três toaletes, três pias com um grande espelho na frente e um murinho que separava a parte dos chuveiros. No fundo, tinha uma porta que dava para o outro lado do quarto. Depois de conhecer o dormitório, fomos almoçar.
Sala da gororoba
O que eu menos gostei de fazer na Ilha Escola foi comer, porque a comida parecia uma gororóba. Eu descobri isso já no primeiro almoço, que para mim foi uma comida horrível: macarrão frio com biscoito de limão.
De qualquer forma, a "sala da gororoba" era bem organizada. Cinco minutos antes de cada refeição, um grupo ia para lá arrumar as cadeiras e mesas. Quando você entrava, tinha que localizar quais eram as duas mesas do seu grupo. Outra regra era: todas as mesas tinham que ser mistas, ou seja, misturar meninos e meninas. Depois de escolher um lugar, você tinha que ficar parado em pé, atrás da cadeira, esperando que as crianças que costumam rezar antes das refeições pudessem fazer isso. Depois, cada grupo era chamado para pegar a sua refeição (aquilo que era obrigatório comer) e um opcional (tipo salada e molhos). O primeiro grupo a ser chamado era o que tinha arrumado as mesas.
A cada refeição a cozinheira dava um prêmio (um bichinho de pelúcia e um adesivo) para a mesa mais silenciosa e mais unida, quer dizer, onde as pessoas eram mais amigas e colaborativas. Também acho que contava a limpeza da mesa, pois tínhamos que separar o lixo entre líquidos, sólidos vegetais, coisas feitas a partir de leite (como massa e queijo) e lixo de papel (guardanapo). O bichinho de pelúcia fica na mesa até a próxima refeição. O adesivo, você podia colocar num enorme mural com o número da sua mesa (a minha, era a mesa 4).
Parecia que os meus pés iam cair!
Depois do almoço voltamos ao dormitório. 1:30 da tarde já tínhamos escolhido as camas - eu fiquei na parte superior de um beliche, que por sorte era perto do banheiro -, tirado as roupas das malas e guardado tudo nas gavetas. Então, o meu grupo foi para a rua, e ficamos lá toda a tarde. O meu pé quase caiu de tão gelado que ficou, mesmo usando bota especial. Lá tinha muita neve, mais do que em Toronto, e era mais frio e úmido também, acho que por ser ilha.
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Farol da Ilha Escola |
Primeiro fomos ver o farol da ilha. Lá, ouvimos uma história de terror sobre um homem que foi morto no farol (na verdade, eu não consegui entender bem, porque a pessoa que contou usou um vocabulário que eu não tenho ainda). Mais tarde, jantamos e todos os grupos foram dar uma enorme e cansativa caminhada até o porto e depois ao labirinto. Imagine que isso tudo foi a noite! E naquele frio! Corremos pelo labirinto, que era pequeno, mas fechado no alto (era como se as plantas formassem um teto sobre a nossa cabeça). Eu consegui chegar ao centro e sair do labirinto 4 vezes.
Quando voltamos ao prédio da Ilha Escola, tomamos banho e fomos para o dormitório. Eu estava com tanta cara de sono que a professora me usou para convencer os outros a dormir e não festejar durante a noite. Na cama, eu fiz um rio de lágrimas, com saudades dos meus pais. Mas eu pensava: sei que amanhã será melhor!